30 de maio de 2012

Compromisso


Eu sempre achei que só amor seria suficiente.
Mas entendi que não era quando Dario nasceu.
Eu pensei que todo aquele amor, do qual me vi capaz, supriria nossas necessidades.
Hoje sei que sempre precisaremos de mais: mais empenho, mais paciência, mais grana, mais cuidado, mais juízo, mais tempo...
Portanto, só amor não basta! Há que se comprometer.


29 de maio de 2012

Mirabolante?



Sem manual, medida, molde ou moldura
Nada de pseudo-postura, censura ou cultura inóspita, recôndita
Não sou finita, nem aflita. Sou antes calmaria, bonança

Rotina me cansa
Tal qual criança, busco sempre o novo, o inacabado
Apartado de conceitos encerrados: é assim meu destino manuscrito
Irrestrito e irresoluto..

Absoluto só o amanhã, que é incerto e impalpápel
Agradável esse ironia, não?
Avaria não há, quando não existem expectativas

Portanto, hei de agir
Que ser expectador só é mais chato que procurar rima rica que faça sentido!



28 de maio de 2012

A sutileza de um silêncio


Acho todos deveriam compreender as sutilezas. Todavia essa pressa desmedida não permite que se dê valor  às entrelinhas.
Conversar olhando nos olhos, lendo a expressão facial diz muito mais que apenas escutar meia dúzia de palavras vazias.
E o silêncio? O silêncio diz tanto...
Eu gosto do silêncio, do quanto ele pode ensinar, do quanto ele pode confortar.
Silenciar é filosofar consigo. É trocar uma ideia com os próprios sentimentos, é uma maneira de conhecer melhor a si mesmo.
Por isso, calemos.
Calemos para sentir, para entender; ninguém pensa falando.
E, mais que isso, há que se respeitar sempre o silêncio alheio.

24 de maio de 2012

Minha Pasárgada


Acredito numa Pasárgada
Onde quem reina é a lei
Lei do amor e da solidariedade
Um reino de idealizei

Preciso encontrar essa Pasárgada
Lá talvez eu seja feliz
Sem temer ao meu irmão
Nem a vida por um triz

E quando chegar nessa Pasárgada
Desta terra só mando buscar
Duas duzias de afeto
Todo o resto construo por lá

Vou morrer lá em Pasárgada
E de herança vou deixar
A lição para o meu filho
Que, acima de tudo, ao próximo ele tem de respeitar

21 de maio de 2012

Epifania



Viver tem cor
tem mistério e tem magia

Viver tem beleza
tem sabedoria e tem arte

Viver tem amanhecer
entardecer e pôr-de-sol

Viver depende de como a gente olha pra tudo
Viver depende da gente

20 de maio de 2012

Certeza

"O nascimento do Homem Novo" de Salvador Dalí
                                            


Posso ser planta que floresce no rigor do inverno
Posso ser desejo que arde na neblina
Posso ser temporal que desaba sobre o sol causticante
Ou posso ser o tudo em nada

Posso ser riso que não se controla em meio de discurso
Posso ser lágrima que rola no meio da multidão
Posso ser abraço que se dá no carteiro
Ou posso ser beijo roubado

Posso ser aula no domingo e festa na segunda
Posso ser almoço no jantar e piquenique no quarto
Posso ser salsa sozinha e pulo com par
Ou posso ser soneto em prosa

O que não dá, é pra fazer sentido todo dia.


17 de maio de 2012

Estúpida retórica


Por que sentir tanto num tempo onde há tanta escassez de quem sente?
Por que falar tanto, se todos ao redor são surdos ao que (me) importa?
Por que desejar tão-somente a utopia, que permanecerá sempre no horizonte?
Por que detestar com tanta força o lugar-comum, se a realidade é construída sobre ele?

16 de maio de 2012

O outro lado de tudo


Hoje parece-me que o dia convida à reflexão.
Tenho encontrado em cada aposento (da mente) uma sensação de novidade.
Sim, compartimentei a mente como o faço com quase todas as minhas coisas, é que no meio de tanto pensar sinto que posso perder-me para nunca mais. Mas isso é outro assunto.
Acontece que hoje tenho me flagrado por estradas pressentidas, porém desconhecidas. E (quase) tudo o que havia em mim, parece agora antiquado.
Hoje até as velhas e constantes reverberações estão diferentes. A única coisa que consegui atinar, até agora, é que esses sabores inéditos não me parecem tão estranhos assim, à medida que começam a fazer parte do meu todo que é ainda nada.

14 de maio de 2012

Da razão mais bonita


Ah, os teus braços fortes que me podem  levar para longe, sempre que te tenho em minhas mãos.
Ah, o teu poder de me tirar daqui, de me fazer desligar, sair do ar; e manter-me ainda mais alerta, ainda mais presente em mim.
Ah, a doçura com que me dizes de outros tempos, de outros mundos, de outros sonhos, e outras realidades.
Ah, a graça com que pinta as palavras, os gestos, os modos, e até mesmo os medos.
Ah, quanto prazer existe até em soletrar teu nome assim, como quem diz um poema: LI-TE-RA-TU-RA.
Eis minha essência!

10 de maio de 2012

Eterna aprendiz


Nem quando acontece de a gente levar aquele inesperado soco no estômago ela pára. Nem desacelera.
E junto consigo esse aliado implacável, o tempo! Grande artíficie de ensinamentos.
Penso em parar, reordenar os pensamentos, redirecionar o destino, qual o quê? Quando dou por mim é outro tempo, tudo mudou.
Tal qual bailarina que vive os dois cisnes na mesma peça, troco de emoção e pulo nesse trem, como perdê-lo?
E qual não é minha surpresa ao deparar-me com um presente que ela tem tempo de me deixar: um caderninho onde anotou tudo do que já fui capaz quando outros desses socos me atingiram.
Leio com reverência e sigo a tempo de pegar suas mãos, que apesar de apressadas, sempre me conduzem com muito carinho.
Fecho então os olhos numa prece de agradecimento e sigo.

9 de maio de 2012

Espaço de mais, resposta de menos


Perdi o verso
Nesse espaço entre o ser e o sentir
Ele se foi
Talvez esteja escondido, apenas
Cabe no espaço de um susurro
Mas é grande em sua pequenez
E depois de tanto espaço
Deixo mais um
O silêncio
(Que é tema diverso)

2 de maio de 2012

Eu quero o delírio

Porque quando estou em vias de explodir, é aqui que acho refúgio. 
Essa é minha maneira de virar pro mundo e gritar bem alto: você não vai me virar do avesso assim tão fácil, entendeu?! 
Esse jeito seguro de andar na corda bamba já é quase uma característica física, depois de tudo. E não é mais assim tão simples me tirar o prumo! 
Aí é que entra a razão deste "grito de alerta". 
Escrever é assim como uma terapia. Clichê. Mas é! É como se eu sentasse num divã diante de mim mesma e despejasse tudo o que preciso tirar daqui de dentro. Amargo ou não. 
Mas o que trago dentro é doce. Excessivamente doce. Dá até enjôo. Portanto, não vou tratar disso. 
Vou tratar do que tá no ar, do que tá na entrelinha, do que tá no "será?".
Vou tratar do que não é, do que não foi, do que não faz sentido. 
Vou falar (comigo, não aqui) do que confunde, do que irrita, do que acelera. 
Vou lembrar, esquecer e seguir. 
Porque no meu território (interior) a liberdade é servida do café da manhã ao jantar! 
E, parafraseando Lya Luft, eu encerro como comecei: Me desculpem, mas hoje, eu quero o delírio!